sábado, 30 de julho de 2011

O lugar do mal-educado

Eles estão por toda parte: nas ruas, escolas, automóveis, lojas, empresas, famílias. Não bastasse sua presença incômoda, eles insistem em se fazer notar.



Falam alto. Fumam onde não devem. Ouvem as musiquetas do momento no último volume do celular moderno ou do carro transformado. Da boca, saltam palavras desagradáveis. Ofendem a língua culta com um palavreado tosco. Aparecem e não cumprimentam. Atiçam lixo no meio da rua. Infringem qualquer lei. Não respeitam o espaço, o direito e a privacidade do outro. Provocam barraco. Acham-se os tais. Não agradecem. Dão conta da vida de todo mundo.



O caminho é bem óbvio: ter ou não educação, um notável detalhe que transforma um ser humano medíocre num cidadão respeitado. É de botar medo o espaço que essa gente está tomando na sociedade brasileira. Se o vizinho coloca música alta, o incomodado, na maioria das vezes, limita-se a se irritar. Se o outro fuma num local impróprio, é preciso sair de perto. Tem bêbado fazendo zigue-zague na pista? É melhor sair da reta para não se envolver em um acidente.



A sociedade assiste passiva e perplexa ao avanço ligeiro dessa falta de educação. Quem devia defender o povo, limita-se a se desculpar: não há leis suficientes para coibir, não há policiais suficientes para colocar ordem, nem autoridades com coragem suficiente para enfrentar a situação.



Um medo maior: esse comportamento grosseiro é contagioso! O Mec, por exemplo, acaba de ser contaminado e já começou a agir como tal: o órgão aprovou a adoção de um livro que defende o uso incorreto da língua portuguesa. É de chorar, parece brincadeira, mas é verdade: falar “os menino pega o peixe” é uma expressão cultural e aceitável, de acordo com o livro! Mais: a mesma obra avisa às crianças que, ao fazerem uso desse tipo de construção frasal ridícula, elas podem ser vítimas de “preconceito linguístico”. A sociedade, dessa vez, reagiu. Mas o Mec, até agora, não arredou o pé.



Em países da Europa, o povo costuma mostrar as garras sempre que os mal-educados ameaçam a ordem. Constantemente, os próprios cidadãos chamam a atenção dos transgressores, a polícia intimida, os pais dão exemplo, os professores são respeitados, o dinheiro público é gasto com responsabilidade. Muitos brasileiros acusam os europeus de serem frios. Bem, para quem se incomoda com a bagunça verde e amarela, eles são simplesmente educados.



Não que tudo por aqui seja avacalhado. Mas, ainda há muito que aprender. O primeiro passo é colocar cada coisa no seu lugar e lugar de mal-educado é em lugar algum.